Manoel de Oliveira
Nasceu a 11 de dezembro de 1908 e faleceu a 2 de abril de 2015
Manoel
Cândido Pinto de Oliveira (Porto, 12 de Dezembro de 1908) foi um cineasta
português e durante muitos anos o mais
velho realizador em atividade no mundo, com trinta e duas longas-metragens.
Manoel de Oliveira era originário de uma família de industriais abastados. O
seu pai foi o primeiro fabricante de lâmpadas em Portugal. Maioritariamente
educado num colégio de jesuítas na Galiza, viveu a adolescência sonhando
tornar-se ator. Aos vinte anos ingressou na escola de atores do cineasta
italiano radicado no Porto, Rino Lupo, um dos pioneiros do cinema português de
Ficção. Quando entretanto viu o documentário Berlim, Sinfonia de uma Cidade de
Walther Ruttmann, decidiu fazer um filme desse género sobre a cidade do Porto,
um documentário de curta metragem sobre a atividade fluvial no Rio Douro, na
zona ribeirinha da sua cidade natal: Douro,
Faina Fluvial (1931). Este filme
seria o primeiro documentário entre várias primeiras obras que abordariam, de
um ponto de vista etnográfico, o tema da vida marítima da costa de Portugal: o
Douro (Oliveira), a Nazaré
(Nazaré, Praia de Pescadores, Leitão de Barros), o Algarve (Almadraba Atuneira,
António Campos), o Tejo (Avieiros, Ricardo Costa). Adquiriu entretanto alguma
formação técnica nos estúdios alemães da Kodak e, mantendo o gosto pela
representação, participou como ator no segundo filme sonoro português, A Canção de Lisboa (1933), de
Cottinelli Telmo. Só mais tarde, em 1942, se aventuraria na ficção como
realizador: Aniki Bóbó, um retrato
de infância ilustrado por crianças do Porto. O filme foi um fracasso comercial
e só com o tempo iria dar que falar. Oliveira decidiu, talvez por isso,
abandonar outros projetos de filmes e envolveu-se nos negócios das empresas da
família. Não perdeu porém a paixão pelo cinema e em 1956 voltou, com O Pintor e a Cidade. Em 1963, O Ato da Primavera (segunda docufição
portuguesa) marcou uma nova fase do seu percurso. Com este filme, praticamente
ao mesmo tempo que António Campos, iniciou Oliveira em Portugal, a prática da
antropologia visual no cinema. Prática essa que seria amplamente explorada por
cineastas como João César Monteiro, na ficção, como António Reis, Ricardo Costa
e Pedro Costa, no documentário. O Ato da Primavera e A Caça são obras marcantes na carreira de Manoel de Oliveira. O
primeiro filme é representativo enquanto incursão no documentário, trabalhado
com técnicas de encenação, o segundo como ficção pura em que a encenação não se
esquiva ao gosto do documentário. A obra cinematográfica de Manoel de Oliveira,
até então interrompida por pausas e desconsolos, só a partir da sua futura
longa metragem (O Passado e o Presente -
1971) prosseguiria sem quebras nem sobressaltos, por uns trinta anos, até
ao final do século. A teatralidade imanente de O Ato da Primavera, contaminando
esta sua segunda ficção, afirmar-se-ia como estilo pessoal, como forma de
expressão que Oliveira achou por bem explorar nos seus filmes seguintes,
apoiado por reflecções teóricas de amigos e conhecidos comentadores. A
tetralogia dos amores frustrados seria o palco por excelência de toda essa
longa experimentação. O palco seria o plateau, em que o filme falado, em
«indizíveis» tiradas teatrais, se tornariam a alma de um cinema puro só por ter
o teatro como referência, como origem e fundamento. Eram assim ditos os amores,
ditos eram os seus motivos e ditos ficaram os argumentos de quem nisso viu toda
a originalidade do mestre invicto: dito e escrito, com muito peso, sem nenhuma
emoção, mas sempre com muito sentimento. Manoel de Oliveira insistia em dizer
que só cria filmes pelo gozo de os fazer, independente da reação dos críticos.
Apesar das múltiplos condecorações em festivais tais como o Festival de Cannes,
Festival de Veneza, Festival de Montreal e outros bem conhecidos, leva uma vida
retirada e longe das luzes da ribalta. Os seus atores preferidos que entram
regularmente nos seus filmes são Luís Miguel Cintra, Leonor Silveira e Diogo
Dória.
http://cinema.sapo.pt
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