quarta-feira, 18 de março de 2015

António Nobre nasceu a 16/8/1867 e morreu 18/3/1900, há 115 anos.















Soneto

Ó virgens que passaes, ao sol-poente, 
Pelas estradas ermas, a cantar! 
Eu quero ouvir uma canção ardente 
Que me transporte ao meu perdido lar... 

Cantae-me, n'essa voz omnipotente, 
O sol que tomba, aureolando o mar, 
A fartura da seara reluzente, 
O vinho, a graça, a formozura, o luar! 

Cantae! cantae as limpidas cantigas! 
Das ruinas do meu lar desatterrae 
Todas aquellas illuzões antigas 

Que eu vi morrer n'um sonho, como um ai... 
Ó suaves e frescas raparigas; 
Adormecei-me n'essa voz... Cantae! 

Sem comentários:

Enviar um comentário